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| | [18+]The Executioner | |
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M. Black they protec but they also coment
Mensagens : 358 Data de inscrição : 03/08/2017 Idade : 131 Localização : Dentro do seu bolso
| Assunto: [18+]The Executioner Qua Out 04, 2017 8:49 pm | |
| Oi gnt eaí como estão? Essa como tal, é uma original com gostinho de fanfic porque foi inspirada em Innocent. Mass personagem original e situações diferentes?? Mesmo contexto porém migrado para um cenário mais politeísta pois pretendia jogar rpg com esse personagem, mas veja bem AIUHAIUH
Ainda está bem fragmentado e eu curtiria mt uns helps quem pudesse dar uns toques sobre o estilo da escrita e talz. DICA: TEMAS FORTES RS
- Intro:
Lá jazia eu, parado em um palanque coberto de sangue novamente. Não era para tanto sofrimento, apenas mais um, apenas outra cabeça a ter seu destino separado do corpo que lhe carregava. Que imprático, ou até mesmo trágico ser aquele que responde pelo fim destes que inadvertidamente irritaram alguém mais importante. Depois de alguns anos na profissão, não me questionava mais se fazia justiça de verdade, apenas assegurava que se cumprisse a lei. Descia do meu palco com o peito vazio e voltava às profundezas da câmara mortuária a aguardar que trouxessem o corpo para dentro.
Não diria que é uma questão de bem ou mal, a decapitação em praça pública em geral é feita para provar um ponto, normalmente o ponto de alguém mais rico ou mais influente. Um espetáculo às massas que mal podiam esperar pelas punições daqueles que cometiam crimes bárbaros. A execução pode até seguir as leis, mas estas se dobram para carregar a sentença de acordo com a vontade do mais favorecido. Afinal elas foram feitas pelos homens e não pelos Deuses.
Após alguns minutos entrava meu irmão mais novo Candide, com a cabeça decepada apropriadamente coberta nas mãos. Eu não saberia distinguir se seu olhar de repúdio era pela minha presença ou pelo cheiro pungente da sala que estávamos. O corpo foi trazido em seguida e jogado na minha mesa por dois servos. Estava preso em meus devaneios enquanto limpava e embalsamava o sujeito nu na minha mesa.
Já fora vitimado pela lei, não guardava rancores, ou ao menos não os revelaria aos transeuntes. Ser o carrasco é ter a certeza de que mesmo seus entes queridos podem acabar no fio da sua espada. Por conta disso, houve momentos em que tive receio de seguir "carreira", mas o medo foi bem guardado embaixo do “S” marcado a fogo na pele da minha nuca. O prazo era findado, não havia mais ninguém para fazê-lo em meu lugar.
"Alguém deve ser culpado, Camille. Eles precisam do mal para que possa haver o bem." eram as palavras que norteavam todos os meus golpes. "Eles nos chamam de anjos da morte para expurgar sua própria culpa de apreciar o espetáculo" Papai era sábio ao explicar nossa missão. Éramos nós que faziamos valer as regras e a paz que existia naquelas terras.
Confesso que era uma profissão bastante ingrata em diversos âmbitos. Não apenas recebemos a incumbência desde o berço, como somos considerados agourentos por toda a vida adulta. Muitos desconhecem as origens de minha família, porém no momento em que eu subia no palanque os olhos chocados rejeitam qualquer relação comigo. Já recebi ameaças e processos alegando calúnia, porém de nada sou culpado se tudo foi consentido. Alegam que sou um amaldiçoado, que as almas que “ceifei” me perseguem aonde quer que eu vá, não tenho mais problemas com isso. Lavo minhas mãos todos os dias, espíritos só entram embaixo de unhas sujas. De qualquer forma, se os Deuses de fato desaprovam minha profissão espero poder levar comigo os que me acusam de profanar o ambiente com minha presença demoníaca. Afinal, não se pode respirar o mesmo ar onde o carrasco passou, não é mesmo?
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| | | Dêrih Ela é comentadora ela
Mensagens : 79 Data de inscrição : 03/08/2017 Idade : 29 Localização : Chuvitiba
| Assunto: Re: [18+]The Executioner Qui Out 05, 2017 6:57 pm | |
| Eu tenho uma dúvida muito sincera: o carrasco necessariamente faz trabalho de cuidar do cadáver depois? Tipo legista mesmo (mas não é legista o cargo q qro falar, quem cuida de fazer o embalsamo e as providências do enterro etc.) Eu gostei, acho que apresentou bem alguns aspectos da personagem. Como é algo muito introspectivo eu entendo (e perdoo - só pq eu sou muito descritiva) a falta de descrição do espaço e o foco no "trabalho sujo" por assim dizer. Acho que pra algo fragmentado e que tá saindo de um gênero que é o RPG pra uma narrativa, um bom começo. Minha dica é tornar ainda mais visceral, penso em coisas como faz o Tanizaki em "A vida secreta do senhor de Musashi" ou mais chulo como as descrições da Yoko Ogawa em "Hotel Íris". Sim só de referências em japonês pq eu to afundada em trabalhos nisso XD | |
| | | Mia Virei presidente pra poder falar isso
Mensagens : 1040 Data de inscrição : 03/08/2017 Idade : 27 Localização : At the Crossroads
| Assunto: Re: [18+]The Executioner Qui Out 05, 2017 7:35 pm | |
| Antes de mais nada, QUE DESENHO LINDO, MANA.
Sobre o texto, gostei muito. Sua escrita é gostosa de acompanhar, com reflexões na medida certa: nem exageradas e cansativas, nem completamente ignoradas, como é o caso da maioria das histórias que eu vejo por aí. Você pediu toques no estilo de escrita, acho que não tenho muito a acrescentar não, fiquei bem satisfeito com o que li. A única coisa que me incomodou foi o uso de aspas em "carreira" e "ceifei". Não gosto do uso de aspas nesse contexto, me parece forçado e me passa a impressão que o escritor não sabia uma palavra melhor para colocar no lugar. Acredito que seja interessante substituir por alguma metáfora, algo do gênero. Dizer isso de forma poética no lugar o artificio das aspas. Acho que no "ceifei" nem precisava de nada. Só o ceifei sem aspas ali dá uma conotação poética legal. No "carreira" acho que ficou estranho mesmo, seria o caso de pensar em outra palavra. "Ofício", talvez? Não sei, acho melhor deixar essa escolha por sua conta haha | |
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Mensagens : 358 Data de inscrição : 03/08/2017 Idade : 131 Localização : Dentro do seu bolso
| Assunto: Re: [18+]The Executioner Qui Out 05, 2017 11:55 pm | |
| Obrigada pelos comentários menines <3 tava mó na ansiedade aqui achando q não iam nem ver meu texto. @Dêrih pelas minhas pesquisas não seria algo obrigatório, mas em cidades menores por falta de pessoal mesmo o próprio carrasco faria esse serviço. Mas eu escolhi que ele mesmo faz por uma razão na história. Espero ter tempo para acertar o resto dos caps para postar aqui ;; Eu realmente tenho um problema com ser introspectiva demais nas escritas, achei um toque interessante de adicionar mais descrições sangrentas no futuro. iauhiuh vou procurar saber mais das refss amo refss <3 @Mia AA que bom que tu gostou <3 Saquei o que vc disse sobre as aspas. Nesse caso parece que ficou fora de lugar msm. No caso do ceifei eu pensei mesmo na analogia com a figura personificada da morte, mas acredito que não seria necessário apontar essa ironia com as aspas. Vou mexer nessas coisinhas que vcs apontaram e logo mais tento editar o próximo | |
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner Seg Out 09, 2017 5:10 pm | |
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Última edição por urubu em Seg Jan 14, 2019 3:12 am, editado 1 vez(es) |
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Mensagens : 358 Data de inscrição : 03/08/2017 Idade : 131 Localização : Dentro do seu bolso
| Assunto: Re: [18+]The Executioner Qui Out 12, 2017 1:48 pm | |
| @urubu só vem.
Acho que esse ficou um pouco confuso com o anterior, mas eu queria passar um pouco da relação lixo que o Camille tem com o irmão mais novo. Não sei se estou seguindo bem. Tentei descrever mais, mas não consigo escapar da introspecção :O Curtinho esse. Tento escrever dps do trabalho, mas as vezes o sono bate forte IUAHAIUH
- bro:
Dobrei as mangas de minha camisa e apanhei o bisturi para começar o procedimento. Percorri as mãos pelo cadáver verificando a integridade da pele e dos músculos até encontrar o ponto certo para a incisão. Fiz sinal para Candide se aproximar. Seu corpo avançara pouco a pouco na direção da porta, ansiando pelo momento em que o dispensaria das obrigações. Ele fez um sinal de prece, pegou a bacia metálica e veio me auxiliar como era de costume. Eu era péssimo naquilo e os meus cortes pareciam mais serrilhar a pele do que de fato abrir o indivíduo. Finalmente consegui um corte preciso no abdomen e comecei a remover as visceras do infeliz. Sentia meu estômago resmungar de fome, pensava nas tortas que comi na casa de Eloïse. Cortei a base do intestino e procedi para eliminar os dejetos que jaziam dentro dele. A maior parte da sujeira eu já removera o junto com as calças do pobre diabo. Joguei o estômago e o fígado rapidamente sem olhar e senti respingos em minhas pernas. —Tome cuidado, Candide. —murmurei desatento. Ele não respondeu nada, estranhei por alguns segundos, porém continuei o processo. A fome falava mais alto e eu só podia pensar em meu almoço. Já nem sentia mais o cheiro podre da sala, me acostumara a ele. Quando Candide derrubou a bacia eu fechei os olhos num gesto de fúria contida. Ele correu para um canto e se jogou no chão para expelir todo o conteúdo de seu estômago. Avancei na direção dele, alcançando-o pouco antes de terminar de vomitar. O menino limpava a boca sem tirar os olhos do chão. Estendi o pé na direção de suas costas e limpei a sola em seu casaco. Seu corpo se encolheu ainda mais e eu fiz o mesmo com o outro sapato. —Você tem um instante para se levantar daí e limpar essa imundície. —murmurei calmamente. Seus olhos repletos de expectativa voltaram-se novamente na minha direção. Sentei-me ao lado do corpo e esperei que o menino terminasse de recolher os órgãos e limpasse o chão. O ódio dele pingava no chão da sala como as gotas de suor em sua testa. — Espero que tenha lavado as mãos… —comentei observando os dedos sujos a rolar as meias para cima. O momento era totalmente familiar, mas eu não era bom como meu pai, nunca fui. Candide estava fazendo uma cena apenas por não querer trabalhar comigo. Ele nunca se importou em ver sangue, sempre ajudava tia Jeanette nos afazeres médicos, mas queria sumir dali a qualquer custo. Nem que tivesse que vomitar no chão, o que quer que fosse para conseguir escapar de mim. Era totalmente previsível, ele desprezava a mim e a minha profissão. —Eu sinto muito… —retruquei sem guardar o sarcasmo. — Eu sei que você merece coisa melhor do que ficar ajudando seu irmão mais velho. Pobre Candide, tão puro e imaculado que o único problema da vida é ter que segurar uma merda de uma bacia. —Você não é meu pai. —ele respondeu numa vozinha minúscula. —Que os Deuses me protejam de tal infortúnio. Eu não faço as regras, Candide. —eu não pude segurar um riso. —Não é como se eu preferisse você nessa sala, estragando um par perfeitamente bom dos meus sapatos. Mas se eu fui arrastado para fazer esse serviço você também vai ser. Quando você tiver a minha idade vai entender que a vida é uma merda mesmo. Ou fazemos o que fazemos ou morremos de fome. Terminamos o serviço em silêncio, fechei e cobri o corpo, entreguei-o para os servos. Parte de mim sabia que o rancor era a principal razão que eu segurava aquele menino ali. Porém, chegara num ponto que percebera o grau de superstição que tinham a respeito de nossa família. Ninguém nos queria por perto e mesmo que tentássemos conseguir empregos diferentes a mera associação com o nome Saëns era suficiente para fechar as portas da maioria dos locais. Nunca lutei contra isso, contrariar o destino não me parecia um bom uso da minha energia. Candide não sabe, mas o respeito que ele tem dentro da igreja se deve ao fato puro e simples de ele não subir no palanque comigo. De não saberem que ele é um Saëns. Contudo, ainda espero que cuspam na cara dele quando descobrirem, para que ele aprenda a não confiar que os outros vão ser tão generosos quanto dizem ser.
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner Qui Out 12, 2017 2:16 pm | |
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Última edição por urubu em Seg Jan 14, 2019 3:12 am, editado 1 vez(es) |
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner Sáb Out 21, 2017 3:48 pm | |
| @urubu pode. inclusive já tem vários porque esse personag é velio já. acho que vou fazer um stack post na parte de desenhos porque são muitos rs. Obrigada por acompanhar. Esse tá sofrido gente. Eu tenho várias partes da história escrita e estou lutando para amarrar as pontas para postar aqui para vocês, mas não sei se está ficando claro. Me dêem uns toques se acharem que está ficando muito maçante ou se sentirem falta de algo na própria narrativa. Tenho bastante dificuldade com isso já que eu escrevo maais por partes soltas do que estruturadamente. - Papi:
Não me sentia no humor de retornar a casa de meus pais. Aguardava com Candide a carruagem na praça, sentindo na pele os olhares de desaprovação à minha presença. Para os mundanos os carrascos deveriam deixar de existir após a execução. Como se fossemos instrumentos inertes da justiça, desprovidos de qualquer humanidade. Éram dias quentes, eu podia ver mas manchas de suor dos casacos e o brilho na fronte dos passantes. A carruagem parava na minha frente e eu mesmo abri a porta para entrar no confinamento estreito e abafado por camadas de veludo. Já me bastava as minhas próprias camadas de roupa para cobrir meu corpo amaldiçoado. Os cavalos também sofriam no sol matinal, nem o carrasco nem os cavalos, ninguém estava a salvo da fúria dos astros. Candide não dizia nada, apenas se encolhia nas suas próprias roupas sujas e espirava fundo na tentativa de conter seu próprio ódio. Finalmente chegamos ao portal na calçada e Candide correu na frente, para se livrar de mim. Andei pelo jardim arborizado até a escadaria da casa. —Camille? —Sim, papai. —respondi me aproximando da sala de jantar. —Como foi hoje? —perguntou ele cauteloso. —Candide derrubou a bacia. —murmurei a contragosto. —Fica agindo como um mimado. —Ele está bem? —Claro que está. Ele não se importa com o que fazemos. Ele me olhou com preocupação e me guiou até a sala de jantar para almoçarmos finalmente. A verdade é que ele não sabia como lidar conosco, nossas brigas e as explosões constantes faziam com que ele simplesmente quisesse se esconder atrás dos móveis e esquecer que nós existíamos. Depois que mamãe se foi, as regras e o medo também desapareceram e mesmo depois de dois anos papai não sabia como trazer a normalidade àquela casa de loucos. Meu pai contraiu varíola quando era criança, e isso o deixou com diversas cicatrizes no corpo e também no rosto. Quando ele subiu no palanque para sua primeira execução, todos gritavam que os deuses haviam punido ele pela profissão infame que sua família praticava. Ele sempre teve certeza do que precisava ser feito, não precisou ser convencido que aquilo era o certo. Minha avó paterna sempre se orgulhou muito dele, seu temperamento resoluto e destemido frente ao palanque das execuções. Era um verdadeiro garoto de ouro, aquele que poderia levar a família Saëns as graças da própria Imperatriz. Não possuía um senso forte de justiça, papai poderia carregar até os casos mais envoltos em corrupção sem questionar as razões dos envolvidos. Suas mãos eram ágeis e precisas, seus cortes firmes e corajosos. Não havia um fim mais piedoso que a morte pelas mãos de papai. Por vezes parecia que um mero olhar poderia apaziguar as almas e que o golpe certo da sua espada poderia levá-las ao outro lado em segurança. Era conhecido como Ignace, o amaldiçoado. Evidentemente que todos os Saëns carregam o mal, mas ele era o principal escolhido para aparentar o que somos por dentro. Quando contraiu a doença teve que ficar isolado do contato familiar por quase um ano de sua vida, e durante esse tempo dedicou-se a estudar o corpo humano e as técnicas médicas. O tempo todo era dito que ele poderia morrer, que não conseguiria mais segurar uma espada e seria inválido para sempre. Entretanto sobreviveu, e pela oportunidade nova cedida pelos Deuses ele sempre teve fé em sua vocação. Não questionava mais o dever, apenas aceitara a missão como se tivesse sido entregue por anjos. Ele não sonhava em ser o carrasco, mas alguém precisava representar a família quando Vovó não pudesse mais cumprir seu papel. Quando subia no palanque para amarrar alguém na roda, não havia o menor traço de medo em sua expressão. Porém ao pisar no chão de sua própria casa, seu olhar se despedaçava beirando o puro terror. Nossos almoços juntos eram uma demonstração brutal daquele medo. Não completávamos sequer metade da família. Clemence saiu de casa, Constance enclausurou-se num mosteiro, Mamãe partira para o outro plano e restaram apenas os três condenados naquela mesa de suplício. Candide nos odiava, mais a mim do que a papai, porém acho que o que mais motivava o menino era se ver livre de tudo aquilo. Eu era o condenado a preencher o papel do carrasco, mesmo que parcialmente. Papai era o carrasco oficial da Imperatriz, nomeado e condecorado, o que me restava era limpar a velha cidade dos criminosos mais baixos, as tarefas mais banais e ainda por cima limpar os cadáveres. Secretamente eu sabia que aquela brincadeira de sangue terminava em mim. A longa linhagem de carrascos da família Saëns terminava em Camille Auguste. Nenhuma das minhas irmãs almejava sequer estar perto de casa, mesmo com a morte de mamãe. Candide seguiria o mesmo caminho, mesmo que o obrigássemos ele faria qualquer coisa para não estar lá. A casa Saëns vinha ao longo de quatro gerações entrelaçadas de carrascos e médicos. Meus pais são primos de primeiro grau e seu casamento foi muito incentivado por minhas avós que queriam manter o ramo principal da família sem interferências no sangue. Não foram os primeiros a terem esse destino, meus avós também vem de um casamento entre primos. Por vezes aquilo parecia um grande poço de lama pegajosa do qual nenhum de nós poderia se safar. Se pudessem me casariam com minha tia para não ter que dividir herança com mais ninguém. Não que eu acredite muito nessa história de “preservar os ideais”, tendo em vista o estigma que sofri antes de encontrar alguém. Era difícil escapar dos Saëns e toda a minha família é intrincadamente construída para este fim. —A refeição estava ótima, Seraphine. —comentei retomando a situação frente a mim, sorrindo para a moça que retirava meu prato.
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| | | Mia Virei presidente pra poder falar isso
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner Sex Nov 03, 2017 11:42 am | |
| To gostando muito da forma como você está construíndo os personagens e as relações entre eles. Eles me parecem bem humanos (apesar do Camille conseguir cortar intestinos e pensar em comida ao mesmo tempo hahahah). Não acho que a narrativa esteja maçante não, mas claro que tem um limite, se insistir muito tempo nessa coisa introspectiva vira Victor Hugo refletindo sobre o esgoto por 52 páginas, daí não dá hahaha Por enquanto tá indo bem, mas acho interessante começar a introduzir um pouco mais de narração de fatos em breve. Mas, mesmo assim, não abandona esses monólogos e pensamentos não, eles enrriquecem muito seu texto, mantenha eles no meio da narração (: | |
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner Seg Jan 29, 2018 9:46 pm | |
| Bom mandei o poll indireto então vou postar uns wips aqui junto para vocês me ajudaremmm quero desenvolver as partes do todo. se vcs tiverem dicas de como prosseguir e como posso desenvolver melhor cada item eu vou ficar mtmtmt feliz. - oier:
Mamãe sempre foi a expressão da lei maior em casa, era ela quem aplicava as punições quando éramos malcriados ou ingratos. A minha cicatriz mais funda, as duas letras estampadas em minha nuca foi obra dela quando numa discussão com ela neguei ser daquela família. Sempre me obrigou a chamá-la de mamãe e dizer que a amava, constantemente enfatizou isso, mesmo quando suas atitudes pareciam evidenciar muito mais o ódio de uma inimiga. Dizia que amor se escrevia em roxos de sangue coagulado. Recordo-me de quando matei alguns passarinhos e coloquei-os no quarto de Constance como se formassem uma auréola ao redor de sua cabeça. Mamãe me arrastou pelos cabelos até as profundezas do nosso porão, recheado de instrumentos de tortura usados nas execuções. Prendeu-me na cadeira mais uma vez e com uma chibata em mãos fez com que me arrependesse de tê-la desafiado. Talvez o meu gosto pela dor tenha vindo dela, talvez por isso nunca soubesse sequer explicar onde começava a dor ou o prazer. Eu me sentia amado quando me trancava no porão para me punir, por vezes até era malcriado de propósito para receber algum tipo de reação. Não que fosse tão calculado naquela época, porém o mero toque de suas mãos em meu rosto quando checava se eu estava desacordado já bastava em meu coração. Meu pai nunca soube o tipo de agressão que ela me submetia durante esses períodos, nunca tive o ímpeto de contar. Era uma mescla de medo e ternura quando ela me fitava com o canto dos olhos. Uma cumplicidade difícil de definir, alguém que com certeza não me tratava com indiferença.
Houve um período em que ela se foi, ficamos sem vê-la por quase três anos, e a primeira atitude que teve ao me encarar foi me lançar um tapa no rosto. Foi para ficar em paz consigo mesma, papai disse que não se sentia bem em casa. —Ela vai ficar bem, Ignace? —minha tia perguntou a papai. —Não sei, Jeanne. — eu podia ouvir os soluços dele atrás da porta. —Shh… Leandra vai voltar, ela é forte demais para seu próprio bem.
- obra do sete-pele:
Ela sempre culpou seu próprio pai pelos modos afeminados, como se aquilo fosse o que me fizera não pertencer a nenhum dos sexos. Foi ela quem ensinou a me odiar, me esconder. Acho que ela só começou a me tratar como menino pois seria a única maneira que poderia tolerar minha existência. Não houve um só dia em que ela não me lembrasse que o que havia entre minhas pernas não era obra dos deuses. Apenas o mal encarnado poderia ter me gerado daquela forma. Ela se ofendia quando diziam que éramos muito parecidos, sua expressão mudava como se sentisse o cheiro dos mortos. Mas não mencionava nada disso em casa, agia como se tudo estivesse normal e enchia mais uma taça de vinho. Quando estava em casa era sempre muito contida e disciplinada, porém ao deixar o cerco da família Saëns ela poderia me agredir em público sem o menor pudor. Queria mostrar a todos como me detestava, como queria que eu fosse algo que não poderia nunca ser. Apesar de tudo meu pai era afável, mas não ficava em casa, tampouco me punia quando eu era malcriado, eu até perdia toda a vontade de ser ruim.
- filho do capeta:
Foram Candide e Constance quem mais se aproveitaram dessa ausência dela, afinal eu deixei de atormentá-los apenas por atenção. Batia nos dois, jogava coisas neles o tempo todo e não podia vê-los que já arranjava uma desculpa para ir atrás. Uma vez eu derrubei o Candide no chão quando ele não tinha nem nove meses. Eu acordei dois dias depois da surra, desmaiei no meio e acordei com minha mãe fitando-me com seus olhos marejados. Suas íris eram como as minhas, uma castanha e uma azul, os outros sempre me consideravam uma versão menor dela. Ela também era considerada uma menina incorrigível quando mais nova, minha tia Jeanette que o diga. Foi titia quem ficou em casa cuidando de mim e dos meus irmãos enquanto minha mãe esteve fora. Elas não se falavam, mas papai implorou que viesse para tomar conta de nós. Durante esse tempo ela me contou histórias da sua relação com mamãe. —Teve uma vez que ela me prendeu num armário da sala de autópsia da sua avó. Me deixou lá por três dias e convenceu os dois que eu havia fugido de casa. —disse ela, num tom triste. —Nessa época eu a odiava muito, acho que se tivessem deixado ela mais a sós comigo é possível que tivesse me matado por mero descaso. Você sabe que pode machucar seus irmãos para sempre? Um dia eles vão ter a sua idade, vão entender melhor as coisas e não vão conseguir perdoar o que você faz com eles. —Mas eles só choram o tempo todo... Eles não sabem de nada. —retruquei, armando um bico e olhando de lado. —O Candide nem fala direito. —Eles choram porque você machuca eles o tempo todo, Camille. —disse ela pausadamente, tentando não deixar nenhuma ofensa escapar. Minha mãe não dizia nada, ela só me tirava de perto da situação, me levava pra sala do castigo aplicava minha punição sem me dirigir uma palavra sequer. Ela nunca fazia isso com Constance ou Candide, com eles era calma e paciente, comigo era um monstro. Tia Jeanette parecia amargurada, não gostava de mamãe de maneira nenhuma e aquela conversa me fez perceber meus irmãos mais novos da mesma forma que eu percebia minha irmã mais velha, Clemence. —Um dia eles vão crescer e vão ver você como uma pessoa má. —Mas nós somos maus mesmo, não é? —murmurei, olhando para ela. —Mamãe é má, o Papai também, a vovó Sasha, o vovô Bernard... Você que é diferente, tia. —Claro que não! Você é um bom garoto. —disse ela preocupada e puxou-me para perto para apontar meu peito. —Aqui dentro você é muito bonzinho, mas você não deixa ninguém ver. Nós todos não somos maus, o trabalho do papai e da vovó é um trabalho como qualquer outro. Os maus são os que quebram as leis. —Hmm... —Você sabia que muitas daquelas pessoas que seu pai tem de executar fizeram mau pra muita gente? —explicou ela com um olhar condescendente. —Ele não é mau, ele está impedindo que essas pessoas façam mais mal no mundo. Eu nunca enxergara daquela forma, tudo para mim se resumia a maldição e o destino trágico que era pertencer a casa Saëns. Eu ouvia constantemente que meu pai era um homem mau e amaldiçoado durante as execuções. Vovó Sasha era sempre lembrada com desgosto como a carrasca mais cruel que aquela cidade já vira. Como se fizessemos tudo aquilo apenas por esporte, sem um real propósito a ser alcançado. —Você sabia que o seu pai é tido como um carrasco muito piedoso, e toda essa bobagem de maldição é apenas porque ele teve varíola... Mas ter sobrevivido é um milagre, Camille. Um milagre que possibilitou você estar aqui comigo hoje. —Acho que sim... —murmurei sem pensar muito. Uma pontada de angústia invadiu meu peito, era mamãe a mais má de todos. Eu e Ela, sozinhos num grande mar de pessoas boas. Aquela noite foi a primeira vez que cogitei a possibilidade de tirar minha própria vida. Comecei a olhar as forcas e me imaginar pendurado lá como um anjo caído, a linha fina alaranjada que cortava o céu ao entardecer deixava tudo tão lindo. Eu queria morrer durante o pôr-do-sol, ficava me imaginando repousando tranquilo, meu rosto em paz, fosse decapitado ou mesmo enforcado. Tia Jeanette me colocava para dormir e eu secretamente torcia para que aquela fosse a última vez que fecharia meus olhos.
Sobre temas sensíveis, sim eu tenho consciência do rolê. Não quero parecer uma babaca então se tiver algo de muito mau-gosto me avisem que eu tiro. Queria tratar da identidade do Camille como intersexo que se identifica como homem e bem. estou tentando fazer isso sem soar maldita... Eu estou bastante empacada com isso por ter medo de estar dizendo bobagem apesar das pesquisas que fiz e faço a respeito do tema( justamente por ser um tópico sensível). Mas acho que meu medo principal é falar de transfobia por haver muita discórdia em relação ao modo como isso deve ser tratado de acordo com cada um. E sl até aí sou cis lixo e n tenho direito a ter opinião então iUAHIUAH eu só escrevo pra levar uns xingo. eh isto. | |
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner Ter Jan 30, 2018 11:23 am | |
| A família tradicional brasileira com certeza consideraria pesado e de mal gosto, mas quem liga para um pessoal que boicotou "procurando Dori" porque tinha duas mulheres empurrando um carrinho no fundo de uma cena? Tá ficando ótimo!! Num cenário atual essa coisa de tratar o intersexo como "amaldiçoado" é obviamente ofensiva, mas não acho que você tratou o fato de forma desrespeitosa. Tu mostrou o psicológico de um personagem num contexto muito diferente, me parece natural a forma como os personagens dessa época reagem. Porém, seria interessante e inclusivo, em algum momento do futuro, você advogar em prol da naturalidade e aceitação dos intersexo. Não sei se em algum momento o Camille aceita e abraça essa condição, mas tem outras formas de fazer isso, seja através de outro personagem, ou algo do tipo.
Em termos de qualidade textual acho que você tá indo muito bem. Apenas não entendi muito bem ainda a ordem dos acontecimentos e os rumos da história, mas acredito que vc esteja trabalhando nisso.
Manda bala que tá indo muito bem (: | |
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner Ter Jan 30, 2018 4:30 pm | |
| - Mia escreveu:
- A família tradicional brasileira com certeza consideraria pesado e de mal gosto, mas quem liga para um pessoal que boicotou "procurando Dori" porque tinha duas mulheres empurrando um carrinho no fundo de uma cena? Tá ficando ótimo!!
Num cenário atual essa coisa de tratar o intersexo como "amaldiçoado" é obviamente ofensiva, mas não acho que você tratou o fato de forma desrespeitosa. Tu mostrou o psicológico de um personagem num contexto muito diferente, me parece natural a forma como os personagens dessa época reagem. Porém, seria interessante e inclusivo, em algum momento do futuro, você advogar em prol da naturalidade e aceitação dos intersexo. Não sei se em algum momento o Camille aceita e abraça essa condição, mas tem outras formas de fazer isso, seja através de outro personagem, ou algo do tipo.
Em termos de qualidade textual acho que você tá indo muito bem. Apenas não entendi muito bem ainda a ordem dos acontecimentos e os rumos da história, mas acredito que vc esteja trabalhando nisso.
Manda bala que tá indo muito bem (: Obrigada aaaaaa, eu vou responder porque sou caotic e to desenvolvendo o rolê e vou expor um pouco do processo: Então eu ainda to desenvolvendo o conceito da história, o plot principal sobre o que vai ser então eu me rodeio pelo desenvolvimento de personagem e da família dele que causa grande parte do conflito. Eu fiz um jogo de tarot para me ajudar na sequencia narrativa e a carta central que deu foi o julgamento. Achei muito representativo do que se trata a história e pensei que a trama central giraria em torno de um julgamento. Pensei até em ser o Julgamento da pessoa que ele gosta e talz. mas bom, eu quero trazer isso do gênero dele com bom-senso sabe, escrever algo que seja ele superando as noções pré-concebidas a respeito do que é ser como ele e não simplesmente uma história de terror para alguém com anatomia divergente... sl. Penso inclusive em fazer que a mãe dele se importa muito mais com isso do que as outras pessoas. E que essa relação que tem com a mãe seja algo, que conforme ele se desvencilha do abuso, ele se aceita como é. | |
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| Assunto: Re: [18+]The Executioner | |
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| | | | [18+]The Executioner | |
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